domingo, 28 de dezembro de 2008

Lobão

Já dizia ele: "Não dá para controlar/ Não dá!/ Não dá pra programar/ Eu ligo o rádio e bláblá!/ Bláblábláblá, eu te amo". Pior é que não dá mesmo.
Dia de shopping com o papai e as irmãs, cinema, trocar uma camisa que não coube... Dá pra dizer que é um dominguinho normal e feliz pra qualquer um. Mas sabe quando você, de repente, fica meio cabisbaixo, menho nhé, meio "nem tou a fim"?
Não é nada. E é tudo. Os dois ao mesmo tempo. Nessas horas a gente lembra que tá com saudade da namorada que viajou, que tá completando meses de namoro com ela - só que longe dela - , nessas horas a gente se lembra de uma pessoa querida com quem não fala mais - mas adoraria ainda falar com ela - e mais um punhado de coisas pra encher a cabeça da gente.
Mas por quê? Pra quê? Por que e pra que diabos a gente fica nessa cabisbaixice? Não serve pra nada, dá deprê, dá choro, dá cansaço que vem do nada, vontade de afundar a cabeça no travesseiro e não sair mais de lá.
E aí a gente lembra que trabalha amanhã. Mas isso aí nem...
E aí a gente torna a pensar na namorada que tá longe e na pessoa querida com quem não fala mais. E vêm lembranças de todo jeito nas nossas cabeças. Na verdade, não de todo jeito. Quando você tá jantando com a sua mãe e vendo ela espetar uns cacos de salpicão com o garfo ao som de sei-lá-o-quê na Antena 1 que diz "I love you" você lembra só das coisas boas. E fica querendo voltar a ver aquelas pessoas queridas - a namorada que está longe e aquela com quem não se fala mais. Aí eu me lembrei do Lobão dizendo que não dá pra controlar. É engraçado isso, né?
Depois a gente vai pro computador, publica uma bobagem no blog ouvindo música deprê enquanto digita e, daí a umas horas, vai dormir.
Que amanhã é outro dia e tem que trabalhar de manhã cedo.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Anyway (à Carolina Genú Nakazato)

Rising from the forgotten,
I tell you no lies,
Here come my words
Rising from the forbidden,
I tell you no lies,
Here comes my look
Searching for the untouched
Words I didn't tell you
Words you didn't hear
Searching for the unknown
Only you could tell
Your answers, maybe

Into the heart of darkness lies my hope
But there is, still, something that remains
Into the heart of darkness lies my hope
To see you again

I cannot wait to look in your eyes any day
I cannot wait to see your face
I cannot say - whatever I have in my head
I cannot say it just anyway

There should have been a fusion
Between love and hate
They should become one
But I just can't forget
Our happiest days
They just haven't gone

Into the heart of darkness lies my love
Shouldn't I find it all too strange?
Into the heart of darkness lies my hope
To see you again

I cannot wait to look in your eyes any day
I cannot wait to see your face
I cannot say - whatever I have in my head
I cannot say it just anyway

Never could I understand
Never could I comprehend
What took you from my hands
How it all turned to sand

You could have come to me
I could have come to you
You could have spoken to me
I could have spoken to you
You could have understood me
I could have understood you
But you don't want to see me
And still I want to see you

Into the heart of darkness lies my love
Buried deep into my chest
Out of the heart of darkness I'll find us both
And maybe some rest

I cannot wait to look in your eyes any day
I cannot wait to see your face
I cannot say - whatever I have in my head
I cannot say it just anyway


--

Anyway (Qualquer Jeito - Tradução)

Levantando-se do esquecido,
Não te digo mentiras,
Lá vêm minhas palavras
Levantando-se do proibido,
Não te digo mentiras,
Lá vem meu olhar
Procurando o intocado
Palavras que eu não te disse
Palavras que você não ouviu
Procurando o desconhecido
Só você poderia dizer
Suas respostas, talvez

Dentro do coração das trevas jaz minha esperança
Mas há, ainda, algo que resta
Dentro do coração das trevas jaz minha esperança
De te ver de novo

Não posso esperar para olhar nos seus olhos qualquer dia
Não posso esperar para ver o seu rosto
Não posso dizer - que quer que eu tenha na minha cabeça
Não posso dizer simplesmente de qualquer jeito

Deveria ter havido uma fusão
Entre o amor e o ódio
Eles deveriam virar um só
Mas simplesmente não consigo esquecer
Nossos dias mais felizes
Eles simplesmente não se foram

Dentro do coração das trevas jaz o meu amor
Eu não deveria achar isso tudo muito estranho?
Dentro do coração das trevas jaz a minha esperança
De te ver de novo

Não posso esperar para olhar nos seus olhos qualquer dia
Não posso esperar para te ver de novo

Não posso dizer - que quer que eu tenha na minha cabeça
Não posso dizer simplesmente de qualquer jeito

Nunca pude entender
Nunca pude compreender
O que te tirou das minhas mãos
Como isso tudo virou areia

Você poderia ter vindo a mim
Eu poderia ter ido a você
Você poderia ter falado comigo
Eu poderia ter falado com você
Você poderia ter me entendido
Eu poderia ter entendido você
Mas você não quer me ver
E eu ainda quero ver você

Dentro do coração das trevas jaz o meu amor
Enterrado fundo dentro do meu peito
Fora do coração das trevas hei de nos encontrar
E, talvez, algum descanso

Não posso esperar para olhar nos seus olhos qualquer dia
Não posso esperar para ver o seu rosto
Não posso dizer - que quer que eu tenha na minha cabeça
Não posso dizer simplesmente de qualquer jeito

domingo, 7 de dezembro de 2008

Gê, Eneú e a Zica (por Isabela Pinheiro)

- Achei que você fosse demorar bem mais pra chegar.
- Não... Demorar mais do que eu já demorei seria muita perda de tempo. Faz muito tempo desde que eu saí de lá.
- Onde é mesmo que você estava?
- Ah, é verdade. Não te contei. Na casa do Eneú.
- Você demorou muito lá. O que foi?
- Pois é. Até agora eu não sei explicar direito. Não sei nem por onde começar. Na verdade, não sei nem se devo.
- Por quê? Você não gostou de ter ficado por lá?
- Eu não sei, pra ser sincera, Zica.
- Eu, heim, Gê... Como não sabe se gostou?
- Sei lá... Às vezes eu acho que passei tempo demais na casa dele. Acho até que esqueci um monte de coisa lá.
- Esqueceu ou deixou de propósito? Você não está com muita cara de quem quis trazer o que levou.
- Eu também não sei. Ainda estou meio perdida. Ele quis me dar umas coisas pra eu trazer, mas também não trouxe.
- Por quê, Gê? Ficou doida?
- Não, sei, Zica! Não sei, não sei, não sei de coisa nenhuma.
- Mas você vai voltar lá pra buscar pelo menos as coisas que ele quis te dar, né? O que era, por falar nisso?
- Ah... Uma almofada.
- Mas não eram "as coisas"?
- É verdade. Mas é uma almofadona em forma de coração com um monte de coisas escritas.
- Tipo o quê?
- Umas palavras soltas. Tipo carinho, respeito, amizade, confiança...
- Coisas que, a essa altura não fa-
- Não fazem sentido nenhum pra mim.
- Tem certeza?
- Ai, Zica! Você fica me dificultando! Já tou meio desnorteada depois de sair de lá e você fica me falando essas coisas! Parece que é de propósito. Eu só sei que...
- Sabe...?
- Nada.
- Fala, Gê.
- Nada, não.
- Fala. Você vai acabar entregando cedo ou tarde. Fala logo.
- Não sei... Eu tenho a estranha sensação de que eu vou ser sempre bem-vinda pro Eneú.
- Pra quem saiu de lá do jeito que você saiu, essa sensação é bem... diferente, né?
- Fazer o quê? Ele passa isso! Eu não sei como, pra ser sincera. Mas eu tenho essa forte impressão de que eu vou sempre ser bem-vinda pra ele.
- Pera um pouco... Deixa eu atender o telefone aqui. Alô?
- Zica?
- Sou eu.
- É o Eneú, tudo bem?
- Oi, moço. Tudo bem, e você?
- É... Mais ou menos. Deixa eu perguntar uma coisa. Você vai encontrar a Gê por esses dias?
- V... Vou... Por quê?
- Pode passar um recado pra ela, por favor?
- Posso, Eneú. O que quer que eu diga?
- É que ela foi embora daqui meio de repente. Eu ia dar uma almofada pra ela, mas nem deu tempo de entregar.
- Hum.
- Diz pra ela, por favor, que, quando ela quiser ela pode pegar. Se ela quiser, eu posso levar pra ela também.
- Tá bom. Pode deixar.
- Brigadão, viu?
- De nada, moço.
- Beijo.
- Beijo. Tchau.
- Tchau.
- Quem era, Zica?
- Era ele.
- O Eneú?
- Ele mesmo.
- O que ele disse?
- Que quando você quiser a almofada, ele te dá e, se você quiser, ele leva ela pra você.
- ...
- Que foi?

Isabela Pinheiro

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Não, não foi abandonado! Vol.2

Meus caríssimos leitores e minhas caríssimas leitoras,

Tudo bem que já faz quase dois meses que não aparece nenhuma postagem nova nesse blog, mas não, ele não foi abandonado - não na teoria. =P~~

Devido a muitas bagunças - no estilo trabalho, estágio, estudos e outras coisas que ocupam o nosso tempo de maneira que não nos deixa escolha senão deixar o tempo ser tomado - o blog ficou um bom tempo parado. Contudo, dentro em breve haverá postagens novas e, quem sabe, outras coisas novas - não perguntem o quê, ainda estou pensando.

Beijos e abraços a todos e até breve!

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Escrever...


Só pra variar os assuntos do blog, uma coisinha bem comum. Coisa que muitos de nós fazemos todos os dias e, alguns de nós, fazemos muito. Crônicas, contos, poemas, letras de música, cartas, lembretes, bilhetes, mensagens de celular, e-mail e mais uma pancada de coisa - e por que não, postagens de blog?


Mas tem uma coisa a respeito da qual muitos de nós não nos tocamos. Alguém já parou pra pensar no quanto o simples ato de escrever pode ser perigoso? E não é só a gente pensar em coisas "grandes" que outras pessoas possam ler - tipo algum gênero de confissão no seu caderno secreto ou uma carta pra alguém ou alguma postagem no blog. Qualquer bilhetinho ou mensagenzinha de celular pode ser perigosa.


Agora entendamos aqui o que quer dizer "perigo". "Perigo", especificamente nesta postagem, a gente pode entender como o risco que corremos de entregar alguma coisa de nós no que escrevemos - ou, por acaso, você pensou que escrever fosse algo completamente seguro? Na verdade... Acho que nada daquilo que a gente faz todo dia - no que se refere a coisas que possam envolver outras pessoas de uma forma ou de outra - é completamente seguro. Mas escrever é uma coisa muito especial. Vamos por partes...


Pense em quanta informação pode haver numa mensagenzinha de celular. Daquelas de uma frasezinha só. Tipo: "Fulana, querida, vamos almoçar hoje?" Se a pessoa que te mandou essa mensagem for, por exemplo, o seu irmão, tudo bem. Dá até pra entender, dependendo da personalidade dele, que ele está de bom humor - não é todo irmão que chama uma irmã de querida. Se for aquele amigãããão que é quase "a sua amiga", também pode não querer dizer nada. Mas e se for aquele colega seu de turma com quem você não tem tanta intimidade assim? Dá pra entender que ele está sendo gentil, ou que está de muito bom humor, ou que está dando mole... Ou mais um monte de coisa que pode não ter nada a ver com nada disso.


Agora pensemos em coisas mais profundas um pouco - como uma carta, uma letra de música, um poema ou uma postagem num blog. É praticamente impossível não perceber alguma coisa além da mensagem que o texto passa por si só. Num poema, por exemplo, é possível ver vários e infinitos sentimentos, emoções, opiniões e sensações da pessoa que escreveu - a partir, também, dos sentimentos, emoções, opiniões e sensações que essa pessoa te causou quando você leu. A indiferença, o ódio, o amor, a raiva, o gosto, o desejo, tudo isso sai da sua mão para o texto enquanto você move o lápis ou aperta umas teclas e vai do texto para a pessoa que o lê. De repente, tudo aquilo que podia ter sido secreto passa a ser perfeitamente visível. E, às vezes, tentar esconder alguma coisa enquanto se escreve é mais ou menos como tentar esconder um elefante atrás duma moita de alface.


Escreveu, não leu... Alguém te leu.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Sexo (por Ivete Pimenta)

Isso. Nu, cru, obsceno, selvagem, lindo e... orgásmico. Um assunto sobre o qual muitos falam com desenvoltura, outros com uma pseudo-desenvoltura e outros evitam cada um por seus motivos.

E é interessantíssimo notar as diferenças - ora mínimas, ora díspares - entre sexo e sexo. Afinal de contas, quem discorda de que há sexos e sexos? Um não é a mesma coisa que outro.

Nem sempre ele será nu. Às vezes bate aquela vontadezinha sem-vergonha de, como dizem uns, fazer uma rapidinha em lugares aconchegantes como um elevador ou em horas próprias como no meio da tarde no mar. Mas isso é só o sentido literal da palavra. As pessoas vestem o sexo também com aromas afrodisíacos, fantasias, roupas ousadas, banho de espuma, gravatas amarradas nos pulsos, caldas de cereja que esquentam com saliva... E fazem horas e horas de festa - ou sexo? Tudo isso faz com que ele deixe de ser cru também.

Sobre a obscenidade... Ela é uma coisa muito relativa. Há pessoas que não vêem obscenidade nem mesmo naquelas cenas mais vulgares do filme pornô de produção mais barata. No extremo oposto, o ombro feminino exposto é desmedidamente obsceno. Desenhar a linha que separa o que é obsceno do que não é, então, fica difícil. O sexo pode sê-lo ou não - e ser e não ser ao mesmo tempo.

A selvageria é outro conceito relativo. Mas, já dizia um outro, "tudo é relativo". Então... É o seguinte: sexo selvagem não precisa ser aquela coisa com tendências canibais, pré-históricas ou desprovida de qualquer traço de delicadeza. O sexo, por si só, é selvagem; trata-se de um dos instintos mais primitivos do ser humano. Vou deixar a beleza e o orgasmo por conta de vocês, leitoras e leitores.

E há tantas outras coisas a se notar a respeito desse ato tão nu, cru, obceno, selvagem, lindo e orgásmico... Quem discorda de mim quando digo que não é a mesma coisa fazer sexo e fazer amor? Coloquemos isso da seguinte maneira: fazer sexo por fazer sexo é diversão, agitação, uma busca louca pelo prazer. Partir para o que já se conhece para chegar "lá" e - por que não? - explorar alguma coisa nova para saber que gosto tem. É uma verdadeira loucura. Mas fazer amor...

Fazer amor é uma coisa linda. Depois de uma noite completamente entregue ao prazer do amor - ou do sexo com amor, como preferir - , notei uma coisa que achei, ao mesmo tempo, engraçadíssima e deliciosa - mas "deliciosa" tendo a delícia numa direção diferente do "engraçado". Depois que você passa uma noite doida de sexo com, digamos assim, o seu "fuck friend", você sai com aquele cansaçozinho gostoso de quem acabou de passar horas numa brincadeira divertida - e, de fato, foi o que aconteceu.

Só que, depois que você passa uma noite de amor, tudo fica calmo. Você se acalma, o seu par - que não vai ser seu "fuck friend" - , se acalma, a noite fica tranqüila, bate um soninho gostoso e uma sensação torradinha com geléia de amora e suco de laranja... Delícia...

E tudo volta a ser "nervoso" e "tarado" depois que se veste a roupa...

Ivete Pimenta

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Sonhar e sorrir Vol. 2

- Aiai, mãe do céu... Essa minha barriga deste tamanhão não está dando lá muito certo.
- Que é que foi, rapaz?
- Olha pra isso! Já tem quase nove meses! Disse o médico que eu devo entrar em trabalho de parto logo, logo.
- O quê? Isso não é excesso de comida e falta de exercício?
- Olha... Não dá pra ser. Tudo bem que eu como bastante, mas não é possível que a academia e o karate não dêem conta de sumir com isso. Além do mais, eu não estou todo gordinho. É só a minha barriga.
- E como você explica isso?
- Ora, pistolas! Eu estou grávido! Quase nove meses e a minha barriga continua crescendo? Vai dizer que não aprendeu isso depois de dois filhos?
- Sim... Mas você não é cavalo marinho pra ser macho e ter os filhos.
- Pois é... Mas, se você encostar aqui na minha barriga, vai sentir a neném chutar.
- A?
- É. É uma menina.
- Como você sabe?
- Já ouviu falar em ecografia, mana?
- Como assim, seu doio?
- Aiai! Aiaiaiai, mana! Vamos comigo pro hospital que eu acho que é já, já.
Meia-hora depois, no hospital...
- Mas como isso é possível, meu filho?
- Doutor... Não me pergunte. Eu sei que uns nove meses atrás rolou alguma coisa entre mim e a minha esposa e agora eu estou com essa barriga desse tamanho, um bebê dentro e sem a menor idéia de como vou fazer pra colocá-la pra fora.
- Mas, meu filho... Você é um homem! Os homens não...
- Não, doutor, eles não têm filhos. Normalmente, não. Mas você quer me encaminhar pra outra ecografia ou ultrassonografia ou sei lá o quê pra ver com os seus próprios olhos?
- Você está brincando?
Ele tira um disco do bolso da bermuda laranja.
- Aqui. O DVD com a última ecografia, mais ou menos um mês atrás.
- Não acredito nisso...
- Aaaaaiaiai, doutor! Vamo'embora pra sala de parto logo que vai ser agora.
Na sala de parto, o rapaz já deitado, o médico coloca as luvas de borracha, a máscara...
- Vamos, meu filho! Empurre essa criança!
- Doutor... Eu sequer tenho dilatação... Como o senhor espera que eu empurre?
- Hahahahahahahahaha!!!!!
- Hahahahahahahahahah!!!!
Uma cesariana e um ano e meio depois.
- Olha pra ela, mana, que graça!
- Loirinha que nem a avó, a cara do pai e os cachinhos da mãe, não é?
- É, sim. Só não entendi direito de onde saíram esses olhos verdes - ele diz sorrindo.
- Devem ser da avó também. Ela era loirinha e tinha os olhos claros quando era bebê.
- Eu sei que a minha filhinha é uma graça - olha para a filha no colo - , não é, Lelê?
- Letícia vai ficar uma mocinha linda quando crescer. Quer dizer... Se puxar à mãe...
- Não perde uma, né, mana?
--
Agora... É muito engraçado como a gente sonha, não é verdade? Só num filme ou num sonho pra um homem engravidar. Eu mesmo fiquei sem acreditar quando vi aquela barrigona ao olhar pra baixo. Mas a sensação de segurar a loirinha de cabelos cacheados nos braços foi única.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Medo

Só pra variar, é uma palavrinha pequena. Dissílaba, quatro letrinhas e, assim como a "saudade" - vide "Sobre a saudade..." no arquivo do blog - , causa um impacto imenso no ser que se atreve a sentir tal coisa. Só que esse costuma ter um efeito mais... digamos... eficaz nas pessoas que o têm.

E bem ao contrário de muitas das coisas que um ser humano possa sentir, o medo impede um monte de coisas. A raiva, a alegria, o amor, o ódio, a saudade e outras coisas geralmente impelem o ser a fazer alguma coisa - qualquer que seja ela. Geralmente essas coisas levam um homem ou uma mulher a tomar uma atitude diante daquilo por que tem um desses sentimentos. Mas é bem ao contrário do medo.

O medo, se impele alguém a fazer alguma coisa, é a encolher-se num canto e, de vez em quando, não olhar pra aquilo que causa medo - mas, na maioria das vezes, olhar fixamente pra essa coisa esperando que ela suma ou, pelo menos, que ela não chegue perto. No entanto, convenhamos que encolher-se num canto pode, de certa maneira, ser traduzido em não tomar uma atitude, uma vez que não se dirige ao objeto em questão.

Pergunta clássica deste blog: e quando se trata de pessoas?

Uma coisa é você ter medo de alguém muito maior, mais forte e agressivo que você. Quem não tem medo de tomar uma surra de uma pessoa maior? Quem gosta de dor? Até aí, tudo bem. Você não chega perto daquela pessoa porque há um instinto primitivo que te diz: "Dor dói! Vai lá não!"

E quando se trata de situações que não mexem com dor física? Mais precisamente... E quando se trata de situações que envolvem questões coraçãonais*? Do tipo você se envolve com uma pessoa e, por alguma razão, resolve parar. Por quê? Quer dizer... Na teoria, as duas pessoas podem, são maduras o bastante pra isso, estão dispostas... Porém tem alguma coisinha esquisita que te impede de ir aonde você queria ir, de fazer o que queria fazer. De novo: Por quê? Medo de machucar o outro? Tudo bem. É um medo, digamos, nobre. Você está pensando no outro. E se o outro não tem medo?

Medo de se envolver? De se envolver demais? De gostar mais do que quer gostar? De se machucar? De se apaixonar? Se você tem um ou mais desses medos, eu tenho uma novidade - talvez não seja novidade - pra você: a vida é feita disso - e digo por experiência própria. Tem aquele velho ditado que a gente já está cansado de ouvir que diz que quem não arrisca não petisca. E é bem verdade.

Tudo bem. Se você não "vai lá", você evita com a maior eficácia possível aquela coisa que poderia te fazer aquele mal de que você tem medo. Por outro lado, você não aproveita aquela coisa gostosa que você estava a fim de degustar. E agora? Simples! Ponha na balança! Será que o que pode doer vai doer mais do que vai agradar o que pode agradar? Se a resposta for sim, aí deixa de ser medo. Se for não...

...Tá fazendo o que aqui?

--

*coraçãonais - adjetivo no plural que substitui "emocionais" e que roubei de uma pessoa muito querida que tem o costume de usar essa palavrinha engraçadinha. Vide "Blog da Letícia".

2.2 TTi Conversível

Ahá!! Agora numa versão um popuco mais velha, como acontece todo ano - tá bom... todo dia. Só que a gente só faz aniversário uma vez por ano, né? Consideremos isso, então.

E alguns me perguntam: "Como se sente estando mais velho?" Engraçado como na maioria das vezes eu não tenho uma resposta pronta. Mas o que me veio à cabeça agora é: "Mais novo!" Sim, senhor. Cada dia mais. Grande coisa ter vinte e dois anos. Continuo me sentindo como se me tivesse sei lá quantos - não paro pra pensar nisso lá com grande freqüência - e com cara de pouco menos idade que eu tenho de verdade.

E aproveitando cada dia como se fosse o primeiro!

PS: Pra quem não sabe... 2.2 é pra 22 anos, Conversível pra minha careca - sim, passei máquina zero recentemente - e TTi... Twin Turbo Injection. =P

sábado, 21 de junho de 2008

Sonhar e sorrir


"Normal. Caminho velho, dia novo... Não há de ser lá muito diferente do costumeiro."

Ele se vira pro lado e ajeita a coberta.

"Olha ela!"

- Oi!

"Tão linda, mãe! Simpatia tanta! Como que eu não sorrio de volta?"

- Olá!

"Apesar de não ter espelho, deu pra sentir a vermelhidão nessa minha cara de besta. Foi só um oi e um sorrisinho! Normal! Mas... Olha de novo..."

E de novo ele dá de cara com aquele sorriso.

"Nah! Olha aquilo! É contagiante! É ver aquele sorriso e abrir um também! Não dá pra não sorrir de volta!"

E sorri. Deita de bruços e puxa a coberta até a altura do pescoço.

"Tá. Você já viu que fica com ataquezinhos de sem-gracêra quando vê aquele sorriso. Mas é só um sorrisinho simpático! E lindo... Mãe do céu... Olha de novo..."

^^

^^"

E assim foi até acordar. Estranho não é sorrir pra um sorriso. Talvez acordar sorrindo por um sorriso no sonho seja. Sonho?

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Overdose de Paçoca


Esse é um texto - que achei engraçadíssimo - de um primo meu sobre comer paçoca. Talvez o fato dee eu gostar de paçoca tenha contribuído para eu achar tanta graça. Divirta-se!

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Série "Tadinho de quem tá lendo..."
Overdose de Paçoca (Renato Reis)

- "Como assim? Cê tá louco?"
Não, tô entediado e hiperativo, por isso tô escrevendo essa baboseira, perda de tempo.
Tudo o que vou fazer agora é falar os efeitos do uso excessivo de... paçoca. Você já comeu? Gosta? NÃO!? Seu impuro, problemático! Se gosta, já se sentiu alterado comendo? Pois é, vamos analisar, agora, os efeitos de cada dose:
1ª: Gostinho bom na boca! Vontade de comer mais.
2ª: Hum! Mais uma paçoca!
3ª: Ah-ha! Aí começa: você sente um calafrio, início de hiperatividade. Quer muuuito mais paçoca.
4ª: Seu organismo se sente viciado em paçoca e você está totalmente acordado.
5ª e 6ª: Começa o delírio. Tipo assim: "Ai caramba! Paçoca!" E isso gritando. Você fica inquieto ou andando como um trouxa - hehe!
7ª: Você rouba mais três palocas do potinho e sai correndo.
8ª: Você começa a correr para tudo que é canto, derrapando, com cara de animal em que injetaram gasolina.
9ª: Você está sobrecarregado de doces, tombando - de tanto correr rápido - , tentando subir as paredes e batendo a cabeça e berrando.
10ª: Você pira. Começa a, além da correria, falar merda, ter alucinações e enfia quatro paçocas de uma vez na boca.
14ª, de uma vez mesmo: Você se vê deitado no chão, batendo a cabeça nele, tentando descobrir por que não se planta bananeira com os pés e tendo alucinações.
15ª: CUIDADO! PERIGO DE MORTE!!!

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Bom... Consideremos que esses efeitos são um bocado exagerados pra um simples ato de comer paçoca - ou, de acordo com o prórpio autor, não são... Mas, se não forem mesmo, acho que assim acontece com pessoas de baixa resistência à paçoca. Eu já passei da décima quinta e continuo aqui vivo e - quase - são. E você? Sobrevive a quinze doses de paçoca uma atrás da outra?

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Ouvir música...


Eis aí uma coisa pra qual ninguém precisa fazer força. Na "pior" das hipóteses, você vai até o rádio para ligá-lo ou colocar uma fita ou um disco no aparelho de som. E lá vai você ouvir horas e horas daquelas músicas que você adora. Delícia, né?


E o mais engraçado é como as músicas que a gente ouve em determinadas situações se encaixam nas determinadas situações. Às vezes você colocou aquela música em especial por causa do momento e, às vezes, por incrível que pareça, ela simplesmente sai da sua lista de reprodução pelo fone de ouvido enquanto você procura o que não deve no Orkut ou joga paciência. O mais interessante, torno a dizer, é como as músicas casam com a situação.


Vamos começar pelas mais corriqueiras. Você coloca aquelas músicas pesadas do Helmet, do Megadeth e do Skindred enquanto joga Need for Speed. Tudo a ver: corrida de carros, alta velocidade e uma música rápida e pesada pra acompanhar o espírito agressivo de competição. Ou então você coloca aquelas coisinhas mais new wave no estilo Enya ou Yanni enquanto viaja horrores no fotoshop ou até no paint. Ou enquanto faz um desenho a mão mesmo. É mais que um estímulo à criatividade. Nada como uma música bem "solta" para soltar a imaginação. Ou, então, você senta na frente do aparelho de som com um violão no colo e se dana a tirar músicas do Chico Buarque, do Vinícius de Moraes e do Caetano Veloso. O som do violão cantando uma MPB é simplesmente maravilhoso, né?


Ou, para uns tantos um pouco menos leves, você liga a sua guitarra com playbacks no volume mais alto e viaja nas virtuoses do Steve Vai, do Joe Satriani e do Andy Timons. Por mais que você saiba que não dá conta de muitas das músicas deles, você vai lá e toca alguma coisa do seu jeito. Por que não fazer uma música ter a sua cara? Ou, ainda, você começa a ler uns blogs ou perfis de Orkut enquanto ouve Danni Carlos ou Cássia Eller. Viu como casa?


E tem aquelas situações mais clássicas... Acabou de começar um namoro ou de receber ou fazer uma declaraçãozinha pra aquela pessoa especial e, pra fazer o momento voltar na sua cabeça, você põe aquelas músicas lindas que só você conhece e que mais que casam com a situação. Ou, mais clássico ainda... Você acabou de brigar com aquela pessoa especial, ficou triste e, nesse momento deprê, a sua lista de reprodução de repente solta Still Loving You do Scorpions, November Rain do Guns n' Roses ou One do U2. Não falha. Se você já estava triste, de repente desce um rio de lágrimas dos seus olhos.


Mas isso geralmente funciona com pessoas que não caíram na maldição de compor as próprias músicas pra aquelas situações. Quando isso acontece, não tem Doce Vampiro, Criança ou Money Can't Buy It que te acompanhe naquela hora sapeca com aquela pessoa querida, por exemplo. Você fez AQUELA música pra AQUELA situação e vai ser AQUELA música que você vai querer que toque enquanto você deita e rola.


E não importa de quem é a música; enquanto você não tirar aquele disco, aquela fita ou não calar a boca do seu rádio ou do seu media player, você vai ouvir um bom tempo daquelas músicas que casam com aquela situação. Se não der tempo do momento paixonite, deprê, raiva ou coisa assim passar, você vai colocar as músicas pra tocar de novo. E de novo, e de novo...

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Sobre a saudade Vol. 2

De vez em quando acontece de a gente meio que se desfazer de alguma coisa - ou algumas coisas - e se arrepender, não é? Jogar fora alguma fotografia, algum disco, alguma roupa ou qualquer outro objeto que a gente pensou que não fosse fazer falta... Ou deixar, por uma razão ou outra, de falar com alguma pessoa...

Como isso acontece? O que é que leva a gente a não querer mais aquela coisa ou aquela pessoa por perto? E a resposta, logicamente, é... Sei lá! Acontece... De repente aquela fotografia deixa de ter a ver com aquilo com que tinha a ver, a gente enjoa daquele disco ou daquela roupa ou daquele objeto qualquer, acha que não vai fazer falta e aí esconde, dá pra alguém ou joga fora. Ah! Com pessoa? Sei lá... Briga ou se afasta simplesmente ou... Acontece. Coisas mil podem fazer com que duas - ou mais - pessoas deixem de se falar.

E aí faço menção à segunda postagem deste blog: bate saudade.

E, a uma altura dessas, com grande probabilidade, depois de bater a saudade bate um pânico. Sim, algo nesse estilo. E rola uma coisa dessas porque você não lembra aonde você colocou aquela fotografia, pra quem você deu aquele disco ou se jogou aquela roupa fora. E agora? E quando aconteceu de você deixar de falar com aquela pessoa? Como se faz quado não se lembra do telefone dela ou do endereço ou do e-mail?

Vale lembrar que nem sempre o nosso braço tem força o bastante pra arremessar essas coisas mais longe do que ele possa alcançar de novo. É preciso, com certeza, saber mexer o braço pra poder arremessar uma pedra num lago tão longe quanto não se possa mais ver. Graças a Deus não é todo mundo que consegue arremessar tão longe assim e, também graças a Deus, não é toda pedra que é leve o bastante para que possa ser arremessada tão longe. Mas, dependendo do caso...

Vale torcer pro braço ser longo o bastante pra alcançar a pedra de novo.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Não! Não foi abandonado!

Pois é...

Diferentemente do que se podia ter pensado, esse blog não foi abandonado. Acontece que tenho tido sérias dificuldades em acessar a internet de uns tempos pra cá e, por isso, não tem havido como publicar nem meia vírgula nesse blog. Mas dentro em breve isso se resolve e ele tornará a ser como era até algum tempo atrás: com aqueles posts tão grandes que dão até preguiça de ler. =P

Beijos e abraços pra todo mundo!

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Olhos


Todo mundo tem. Não só tem como tem dois. Castanhos, azuis, verdes, vermelhos, escuros, claros, grandes, pequenos, míopoes, hipermétropes, astigmatas, estrábicos, cegos e por aí vai. São coisinhas tão comuns... Vemos isso todo santo dia quando nos olhamos no espelho, quando falamos com outras pessoas, quando damos bom-dia pro nosso gato - sim! por que não incluir olhos de animais nisso? - e até quando vemos aquelas propagandas chatas que passam na TV.

O mais curioso é o que pode haver por dentro deles. Inúmeras teorias e pessoas dizem inúmeras coisas e coisas a respeito dos olhos. Há quem diga que é onde se guardam os mistérios, há quem diga que é onde se guardam as verdades, há quem diga que são as janelas para a alma e, na minha opinião pessoal, eles entregam muito mais do que só mistérios, verdades ou janelas para a alma.

Quanto de nós fica guardadinho dentro da gente? Quer dizer... Quanto de nós nós deixamos de revelar por meio de palavras ou gestos ou por meio de qualquer outra coisa? E o que é isso que costumamos deixar guardado - e, às vezes, escondido?

Disfarçar ou esconder uma idéia é extremamente fácil, na maioria das vezes. É coisa que a gente pensa e os olhos não são, eu diria, exatamente técnicos - na falta de termo melhor - pra transparecer alguma idéia. Já é mais difícil esconder alguma coisinha mais, digamos, corriqueira. É meio complicado esconder sono, cansaço ou empolgação, por exemplo. Mas isso é físico. Olhos vermelhos ou levemente caídos ou coisa no estilo são coisas que não têm lá como disfarçar - nem motivo, na maior parte do tempo.

E as emoções? E os sentimentos? Esses, muitas vezes, fazemos de tudo pra não deixar transparecer. Curiosíssimo, não? Uma raiva de alguém, uma indiferença, um aborrecimento, uma quedinha, uma admiração ou uma paixão louca... Isso são coisas que as pessoas costumam esconder, pelo que tenho visto nos últimos vinte e um anos e meio. E por quê?

O mais curioso dessa história toda é o quanto é fácil entregar essas coisas que a gente sente e, por incrível que pareça, o quanto é fácil perceber essas coisas em outras pessoas. Tudo isso pode ser feito por meio de um contato entre os olhos. Geralmente, quem quer esconder algo, evita olhar nos olhos. Fure, com os seus, os olhos dessa pessoa de quem você quer saber alguma coisa nesse gênero e veja o que acontece. É uma das coisas mais lindas do mundo quando duas pessoas se olham nos olhos com fome de olhar nos olhos. E, então, tudo aparece como por encanto. Todas aquelas coisas escondidas dentro daquela pessoa parecem sair como num grito desesperado, como se tudo aquilo estivesse preso e com sede de liberdade - e, de fato, devia estar mesmo.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Viagem



Asfalto até onde a vista alcança. Àdiante e para trás, se olhar pelo retrovisor. Se a vista for mais longe e a estrada entortar, eu sei que são só curvas. Vou contorná-las e continuar seguindo o rumo como há de ser sempre. O motor é relativamente potente e deve me permitir chegar aonde pretendo - ou devo - chegar e há combustível o bastante pra isso. Sigamos...

120km/h, quinta marcha. É rápido, de certa forma. Será que rápido o bastante? Será que rápido demais? E esse caminho todo que venho percorrendo? São muitas horas de viagem acumuladas até agora, muitos quilômetros percorridos. Vim pelo caminho certo? Imagino que esteja indo na direção certa, mas não tenho mapa em mãos. Onde eu poderia ter arranjado - ou posso arranjar - um? Se ainda fizesse idéia disso...

Um carro adiante... Vou me aproximando dele devagar. Reduzo pra acompanhar o ritmo dele. Depois da curva eu passo, se tiver reta. Ótimo. Quarta marcha. Ponho do lado e piso fundo. 100km/h, 110km/h, quinta marcha, 120km/h... Pronto. Ficou pra trás. Logo, logo aqueles faróis devem sumir do retrovisor.

E toda essa paisagem em volta? Montanhas enormes, muito verde... Será que está frio lá fora? Não sei se quero abrir as janelas pra descobrir; cá dentro está confortável. Acelerar mais? Diminuir? Perguntar o caminho?

Sigamos...

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Se olharmos os nossos retrovisores, talvez vejamos uma estrada tortuosa atrás de nós. Talvez, também, nada impede, vejamos uma estrada reta e lisa. E o que está por vir? Qual caminho tomar? Para onde ir? O curioso é que nessa estrada que a gente inventou de chamar de "vida" o nosso carro não pára. Não diminui nem acelera. É sempre um ritmo constante e relativamente rápido. Não há muito tempo para escolher que caminho seguir e, na maioria das vezes, não há um "sub-caminho" de volta para uma estrada onde já estivemos.

Sigamos...