terça-feira, 2 de setembro de 2008

Sexo (por Ivete Pimenta)

Isso. Nu, cru, obsceno, selvagem, lindo e... orgásmico. Um assunto sobre o qual muitos falam com desenvoltura, outros com uma pseudo-desenvoltura e outros evitam cada um por seus motivos.

E é interessantíssimo notar as diferenças - ora mínimas, ora díspares - entre sexo e sexo. Afinal de contas, quem discorda de que há sexos e sexos? Um não é a mesma coisa que outro.

Nem sempre ele será nu. Às vezes bate aquela vontadezinha sem-vergonha de, como dizem uns, fazer uma rapidinha em lugares aconchegantes como um elevador ou em horas próprias como no meio da tarde no mar. Mas isso é só o sentido literal da palavra. As pessoas vestem o sexo também com aromas afrodisíacos, fantasias, roupas ousadas, banho de espuma, gravatas amarradas nos pulsos, caldas de cereja que esquentam com saliva... E fazem horas e horas de festa - ou sexo? Tudo isso faz com que ele deixe de ser cru também.

Sobre a obscenidade... Ela é uma coisa muito relativa. Há pessoas que não vêem obscenidade nem mesmo naquelas cenas mais vulgares do filme pornô de produção mais barata. No extremo oposto, o ombro feminino exposto é desmedidamente obsceno. Desenhar a linha que separa o que é obsceno do que não é, então, fica difícil. O sexo pode sê-lo ou não - e ser e não ser ao mesmo tempo.

A selvageria é outro conceito relativo. Mas, já dizia um outro, "tudo é relativo". Então... É o seguinte: sexo selvagem não precisa ser aquela coisa com tendências canibais, pré-históricas ou desprovida de qualquer traço de delicadeza. O sexo, por si só, é selvagem; trata-se de um dos instintos mais primitivos do ser humano. Vou deixar a beleza e o orgasmo por conta de vocês, leitoras e leitores.

E há tantas outras coisas a se notar a respeito desse ato tão nu, cru, obceno, selvagem, lindo e orgásmico... Quem discorda de mim quando digo que não é a mesma coisa fazer sexo e fazer amor? Coloquemos isso da seguinte maneira: fazer sexo por fazer sexo é diversão, agitação, uma busca louca pelo prazer. Partir para o que já se conhece para chegar "lá" e - por que não? - explorar alguma coisa nova para saber que gosto tem. É uma verdadeira loucura. Mas fazer amor...

Fazer amor é uma coisa linda. Depois de uma noite completamente entregue ao prazer do amor - ou do sexo com amor, como preferir - , notei uma coisa que achei, ao mesmo tempo, engraçadíssima e deliciosa - mas "deliciosa" tendo a delícia numa direção diferente do "engraçado". Depois que você passa uma noite doida de sexo com, digamos assim, o seu "fuck friend", você sai com aquele cansaçozinho gostoso de quem acabou de passar horas numa brincadeira divertida - e, de fato, foi o que aconteceu.

Só que, depois que você passa uma noite de amor, tudo fica calmo. Você se acalma, o seu par - que não vai ser seu "fuck friend" - , se acalma, a noite fica tranqüila, bate um soninho gostoso e uma sensação torradinha com geléia de amora e suco de laranja... Delícia...

E tudo volta a ser "nervoso" e "tarado" depois que se veste a roupa...

Ivete Pimenta