terça-feira, 28 de maio de 2013

Amigos

Essa é uma palavrinha muito especial. E nos dizem, a vida inteira, um milhão de coisas sobre amigos - algumas verdadeiras e outras não. As coisas de que melhor me lembro agora são "você deve escolhê-los com cuidado" e "são a família que a gente escolhe". Nenhuma delas deixa de ser verdade, na minha opinião.

Amigos são uma maravilha, uma delícia, uma verdadeira bênção divina. Claro que a gente não pode simplesmente "deixar nas mãos de Deus"; é necessário cultivar as amizades. Espera... Acho melhor eu falar um pouco dos vários tipos de amigos - da maneira como eu aprendi a diferenciá-los.

Já ouviram falar em "amigos de interesse"? Tenho certeza de que já. Sabe aquela pessoa que só vem falar com a gente quando quer ou precisa de alguma coisa? Com alguns deles você até pode contar, desde que não seja nada sério ou grave. Alguns deles não se incomodam de fazer pequenos favores pra você - desde que você também faça pra eles. Sempre rolam pessoas assim por aí, mas não é desses amigos que eu estou falando.

Um pouco melhores do que esses, mas ainda não chegam lá pra mim, são os amigos de farra. Está tudo certo, tranquilo e lindo, eles estão lá pra comemorar e fazer farra. Arrumou uma namorada? Oba! Juntam-se todos num barzinho e bebemoram o novo casal. Dispensou a namorada? Oba! Juntam-se todos numa balada pra "pegar" quantas der vontade. Mas não tente passar um mau período no namoro - ou qualquer outro mau período - , que eles somem.

Tem também aqueles amigos "de época". Perdi as contas de quantas vezes eu ouvi pessoas me dizerem que conheceram gente legal na escola ou na faculdade, estudaram juntos um tempo e, quando acabou a escola ou a faculdade, nunca mais se falaram. E alguns desses amigos até são bons amigos mesmo. Daqueles que te ajudam a segurar umas barras meio pesadas e tudo. Mas, assim como "cabô míi, cabô pipoca", acabou a faculdade, acabaram-se eles.

Os amigos aos quais eu me refiro são outra história. Alguns deles você conhece há poucos dias e já sentiu que há uma sintonia maluca e, quando percebe, estão conversando coisas que não conversariam com muitas pessoas em quem confiam. Outros deles vêm desde a sua última "grande fase" da vida - no meu caso, desde o cursinho pra concurso público ou até a segunda metade da faculdade. Eles meio que chegaram de fininho, foram ficando, foram ficando e você não consegue mais se ver sem aquelas pessoas queridas.

E tem aqueles velhos amigos. Antigos, dinossáuricos e jurássicos. Esses são raridade, pelo que eu tenho ouvido as pessoas dizerem. Sabe aquele grupinho de amigos que você conhece desde sabe Deus quando? Aquele grupinho em que, quem você conhece há menos tempo, já conhece há mais de dez anos? NÃO?! Que pena! SIM?! Fala... Se um deles some, você morre, né não?

Esses não só são especiais pelo tempo de convivência, mas acaba que eles te conhecem tão bem quanto você mesmo - talvez até melhor. Eles estiveram lá pra te ajudar a estudar pra aquela maldita prova de física que quase te reprovou no primeiro ano, estiveram lá quando você terminou o segundo grau e passou no vestibular, estiveram lá pra te dar parabéns pela namorada nova e te botar no colo quando terminou, em todos os seus aniversários, nas farras de violão, piscina, churrasco, sauna, cerveja e choque térmico - uahwuhawuhawuahwuhaw!! - e estiveram lá até quando você era uma criança cabeçuda com óculos de fundo de garrafa e cabelo penteado pro lado. Aqueles que te conhecem bem desse tanto e te amam mesmo assim.

Independente de quanto tempo faz que você os conhece, um amigo de verdade pra mim, é uma bênção divina, sim. Eles estão lá quando você precisa, quando você quer e quando você menos espera. Comemoram, sim, quando você passar uma fase boa e vão estar por perto, sim, quando você passar por tempos difíceis. Vão ser o seu porto seguro e vão ter certeza de que você pode ser o deles também. E a melhor parte nem é só saber que você vai ter apoio quando precisar; pra mim, é saber que eles vão querer que eu seja o apoio deles quando eles precisarem. Essa confiança mútua é simplesmente impagável.

Meus queridos amigos, muitíssimo obrigado por tudo. Desde o apoio nos momentos mais difíceis até as divertidíssimas bagunças e - por que não? - pela simples existência de vocês na minha vida. Meus tesouros, minhas bênçãos divinas, minha família que eu escolhi.

Desapego

Essa é uma palavra que já soa meio dura. Só o prefixozinho "des" em qualquer palavra já dá uma noção de contrariedade que nem sempre chega leve aos nossos ouvidos - ou olhos.

Desapegar-se não costuma ser tarefa fácil, ainda que seja de pequenas coisas. Imagina aquele bichinho de pelúcia que você tinha desde quando era criança. Já não é muito fácil se desfazer dele, certo? Qualquer abestado diria: "É só um bicho de pelúcia. E você nem usa mais". Mas, como eu falei, é um abestado.

Aquilo não é só o seu bichinho de pelúcia. Tampouco só o seu bichinho de pelúcia preferido. Se fosse simples assim, primeiro, os seus pais comprariam outros pra você com alguma frequência - e isso não acontece. E, segundo, você não precisaria que alguém dissesse "tá na hora de se desfazer disso, né?". Só que aquele bichinho de pelúcia é especial porque ele enfeitou uma prateleira do seu quarto durante muito tempo. Aliás, bem provável que ele tenha enfeitado a sua cama. E quantas noites você dormiu abraçado(a) com ele? E quantas vezes você já pediu pra sua mãe costurar o focinho, o braço ou a orelha? Não, definitivamente não é "só um bicho de pelúcia que você não usa mais".

Não vou me cansar nunca de perguntar isso: e quando é com pessoas?

Aí, minha cara leitora e meu caro leitor, é que não é fácil mesmo. Ou não costuma ser. Nesses meus quase vinte e sete anos, vendo pessoas virem e irem, andei aprendendo algumas coisas sobre o desapego.

Acho que a mais relevante - ou uma das mais - é que, quando você tem um motivo pra se desapegar, é ridiculamente fácil. Oquei, talvez eu tenha me expressado errado. Por exemplo... Quando você descobre que aquele vadio te traiu, você termina o namoro puta de raiva e rapidinho arranca o peste da cabeça. Não? Bom... Pra mim funciona assim - mas com a devida transposição pro feminino, por favor.

Bem pelo contrário... E quando é aquela amiga que, por algum motivo que ninguém na vida consegue explicar, você "ama de paixão"? Faz um tempaço que ela não te liga, quando é você quem liga, ela atende rapidinho e nunca pode falar, não retorna suas ligações, não responde mensagem de celular nem e-mail, mas ainda assim você adora a peça? Desapego fica complicado... Você faz - quando faz - a contragosto. Você faz porque, em algum momento, percebe que não tem espaço na vida daquela pessoa, mas ainda tem uma coisa torta no peito que te diz "Nããããão! Não esquece, não! Continua ligando". Uma bela maldição...

E ainda tem aqueles casos - tortíssimos, na minha opinião - em que o desapego é meio forçado. Do tipo "dar um tempo". Eu sempre tive na minha cabeça que "dar um tempo" só serve pra duas coisas: pra alguém aparecer com chifre ou pra adiar um fim inevitável. E, nesse segundo caso, ao menos quando o sujeito já está calejado, ele já vai se preparando psicologicamente pro "golpe de misericórdia" - que, muitas vezes, não é muito misericordioso. Já vai se acostumando a não ouvir o telefone tocar, a não programar um fim de semana assim ou assado e, às vezes, à ideia de devolver umas coisas que estão no quarto.

Claro que algo tão penoso e complicado de se fazer tinha de ter uma compensação - afinal de contas, a, por vezes, aguda e longa dor do desapego não podia ser só uma dor gratuita. Depois do preparo psicológico prévio pro golpe de misericórdia ou do simples exercício do desapego, a sensação acaba sendo boa. Você se sente...

Desapegado.