domingo, 28 de dezembro de 2008

Lobão

Já dizia ele: "Não dá para controlar/ Não dá!/ Não dá pra programar/ Eu ligo o rádio e bláblá!/ Bláblábláblá, eu te amo". Pior é que não dá mesmo.
Dia de shopping com o papai e as irmãs, cinema, trocar uma camisa que não coube... Dá pra dizer que é um dominguinho normal e feliz pra qualquer um. Mas sabe quando você, de repente, fica meio cabisbaixo, menho nhé, meio "nem tou a fim"?
Não é nada. E é tudo. Os dois ao mesmo tempo. Nessas horas a gente lembra que tá com saudade da namorada que viajou, que tá completando meses de namoro com ela - só que longe dela - , nessas horas a gente se lembra de uma pessoa querida com quem não fala mais - mas adoraria ainda falar com ela - e mais um punhado de coisas pra encher a cabeça da gente.
Mas por quê? Pra quê? Por que e pra que diabos a gente fica nessa cabisbaixice? Não serve pra nada, dá deprê, dá choro, dá cansaço que vem do nada, vontade de afundar a cabeça no travesseiro e não sair mais de lá.
E aí a gente lembra que trabalha amanhã. Mas isso aí nem...
E aí a gente torna a pensar na namorada que tá longe e na pessoa querida com quem não fala mais. E vêm lembranças de todo jeito nas nossas cabeças. Na verdade, não de todo jeito. Quando você tá jantando com a sua mãe e vendo ela espetar uns cacos de salpicão com o garfo ao som de sei-lá-o-quê na Antena 1 que diz "I love you" você lembra só das coisas boas. E fica querendo voltar a ver aquelas pessoas queridas - a namorada que está longe e aquela com quem não se fala mais. Aí eu me lembrei do Lobão dizendo que não dá pra controlar. É engraçado isso, né?
Depois a gente vai pro computador, publica uma bobagem no blog ouvindo música deprê enquanto digita e, daí a umas horas, vai dormir.
Que amanhã é outro dia e tem que trabalhar de manhã cedo.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Anyway (à Carolina Genú Nakazato)

Rising from the forgotten,
I tell you no lies,
Here come my words
Rising from the forbidden,
I tell you no lies,
Here comes my look
Searching for the untouched
Words I didn't tell you
Words you didn't hear
Searching for the unknown
Only you could tell
Your answers, maybe

Into the heart of darkness lies my hope
But there is, still, something that remains
Into the heart of darkness lies my hope
To see you again

I cannot wait to look in your eyes any day
I cannot wait to see your face
I cannot say - whatever I have in my head
I cannot say it just anyway

There should have been a fusion
Between love and hate
They should become one
But I just can't forget
Our happiest days
They just haven't gone

Into the heart of darkness lies my love
Shouldn't I find it all too strange?
Into the heart of darkness lies my hope
To see you again

I cannot wait to look in your eyes any day
I cannot wait to see your face
I cannot say - whatever I have in my head
I cannot say it just anyway

Never could I understand
Never could I comprehend
What took you from my hands
How it all turned to sand

You could have come to me
I could have come to you
You could have spoken to me
I could have spoken to you
You could have understood me
I could have understood you
But you don't want to see me
And still I want to see you

Into the heart of darkness lies my love
Buried deep into my chest
Out of the heart of darkness I'll find us both
And maybe some rest

I cannot wait to look in your eyes any day
I cannot wait to see your face
I cannot say - whatever I have in my head
I cannot say it just anyway


--

Anyway (Qualquer Jeito - Tradução)

Levantando-se do esquecido,
Não te digo mentiras,
Lá vêm minhas palavras
Levantando-se do proibido,
Não te digo mentiras,
Lá vem meu olhar
Procurando o intocado
Palavras que eu não te disse
Palavras que você não ouviu
Procurando o desconhecido
Só você poderia dizer
Suas respostas, talvez

Dentro do coração das trevas jaz minha esperança
Mas há, ainda, algo que resta
Dentro do coração das trevas jaz minha esperança
De te ver de novo

Não posso esperar para olhar nos seus olhos qualquer dia
Não posso esperar para ver o seu rosto
Não posso dizer - que quer que eu tenha na minha cabeça
Não posso dizer simplesmente de qualquer jeito

Deveria ter havido uma fusão
Entre o amor e o ódio
Eles deveriam virar um só
Mas simplesmente não consigo esquecer
Nossos dias mais felizes
Eles simplesmente não se foram

Dentro do coração das trevas jaz o meu amor
Eu não deveria achar isso tudo muito estranho?
Dentro do coração das trevas jaz a minha esperança
De te ver de novo

Não posso esperar para olhar nos seus olhos qualquer dia
Não posso esperar para te ver de novo

Não posso dizer - que quer que eu tenha na minha cabeça
Não posso dizer simplesmente de qualquer jeito

Nunca pude entender
Nunca pude compreender
O que te tirou das minhas mãos
Como isso tudo virou areia

Você poderia ter vindo a mim
Eu poderia ter ido a você
Você poderia ter falado comigo
Eu poderia ter falado com você
Você poderia ter me entendido
Eu poderia ter entendido você
Mas você não quer me ver
E eu ainda quero ver você

Dentro do coração das trevas jaz o meu amor
Enterrado fundo dentro do meu peito
Fora do coração das trevas hei de nos encontrar
E, talvez, algum descanso

Não posso esperar para olhar nos seus olhos qualquer dia
Não posso esperar para ver o seu rosto
Não posso dizer - que quer que eu tenha na minha cabeça
Não posso dizer simplesmente de qualquer jeito

domingo, 7 de dezembro de 2008

Gê, Eneú e a Zica (por Isabela Pinheiro)

- Achei que você fosse demorar bem mais pra chegar.
- Não... Demorar mais do que eu já demorei seria muita perda de tempo. Faz muito tempo desde que eu saí de lá.
- Onde é mesmo que você estava?
- Ah, é verdade. Não te contei. Na casa do Eneú.
- Você demorou muito lá. O que foi?
- Pois é. Até agora eu não sei explicar direito. Não sei nem por onde começar. Na verdade, não sei nem se devo.
- Por quê? Você não gostou de ter ficado por lá?
- Eu não sei, pra ser sincera, Zica.
- Eu, heim, Gê... Como não sabe se gostou?
- Sei lá... Às vezes eu acho que passei tempo demais na casa dele. Acho até que esqueci um monte de coisa lá.
- Esqueceu ou deixou de propósito? Você não está com muita cara de quem quis trazer o que levou.
- Eu também não sei. Ainda estou meio perdida. Ele quis me dar umas coisas pra eu trazer, mas também não trouxe.
- Por quê, Gê? Ficou doida?
- Não, sei, Zica! Não sei, não sei, não sei de coisa nenhuma.
- Mas você vai voltar lá pra buscar pelo menos as coisas que ele quis te dar, né? O que era, por falar nisso?
- Ah... Uma almofada.
- Mas não eram "as coisas"?
- É verdade. Mas é uma almofadona em forma de coração com um monte de coisas escritas.
- Tipo o quê?
- Umas palavras soltas. Tipo carinho, respeito, amizade, confiança...
- Coisas que, a essa altura não fa-
- Não fazem sentido nenhum pra mim.
- Tem certeza?
- Ai, Zica! Você fica me dificultando! Já tou meio desnorteada depois de sair de lá e você fica me falando essas coisas! Parece que é de propósito. Eu só sei que...
- Sabe...?
- Nada.
- Fala, Gê.
- Nada, não.
- Fala. Você vai acabar entregando cedo ou tarde. Fala logo.
- Não sei... Eu tenho a estranha sensação de que eu vou ser sempre bem-vinda pro Eneú.
- Pra quem saiu de lá do jeito que você saiu, essa sensação é bem... diferente, né?
- Fazer o quê? Ele passa isso! Eu não sei como, pra ser sincera. Mas eu tenho essa forte impressão de que eu vou sempre ser bem-vinda pra ele.
- Pera um pouco... Deixa eu atender o telefone aqui. Alô?
- Zica?
- Sou eu.
- É o Eneú, tudo bem?
- Oi, moço. Tudo bem, e você?
- É... Mais ou menos. Deixa eu perguntar uma coisa. Você vai encontrar a Gê por esses dias?
- V... Vou... Por quê?
- Pode passar um recado pra ela, por favor?
- Posso, Eneú. O que quer que eu diga?
- É que ela foi embora daqui meio de repente. Eu ia dar uma almofada pra ela, mas nem deu tempo de entregar.
- Hum.
- Diz pra ela, por favor, que, quando ela quiser ela pode pegar. Se ela quiser, eu posso levar pra ela também.
- Tá bom. Pode deixar.
- Brigadão, viu?
- De nada, moço.
- Beijo.
- Beijo. Tchau.
- Tchau.
- Quem era, Zica?
- Era ele.
- O Eneú?
- Ele mesmo.
- O que ele disse?
- Que quando você quiser a almofada, ele te dá e, se você quiser, ele leva ela pra você.
- ...
- Que foi?

Isabela Pinheiro