quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Escrever...


Só pra variar os assuntos do blog, uma coisinha bem comum. Coisa que muitos de nós fazemos todos os dias e, alguns de nós, fazemos muito. Crônicas, contos, poemas, letras de música, cartas, lembretes, bilhetes, mensagens de celular, e-mail e mais uma pancada de coisa - e por que não, postagens de blog?


Mas tem uma coisa a respeito da qual muitos de nós não nos tocamos. Alguém já parou pra pensar no quanto o simples ato de escrever pode ser perigoso? E não é só a gente pensar em coisas "grandes" que outras pessoas possam ler - tipo algum gênero de confissão no seu caderno secreto ou uma carta pra alguém ou alguma postagem no blog. Qualquer bilhetinho ou mensagenzinha de celular pode ser perigosa.


Agora entendamos aqui o que quer dizer "perigo". "Perigo", especificamente nesta postagem, a gente pode entender como o risco que corremos de entregar alguma coisa de nós no que escrevemos - ou, por acaso, você pensou que escrever fosse algo completamente seguro? Na verdade... Acho que nada daquilo que a gente faz todo dia - no que se refere a coisas que possam envolver outras pessoas de uma forma ou de outra - é completamente seguro. Mas escrever é uma coisa muito especial. Vamos por partes...


Pense em quanta informação pode haver numa mensagenzinha de celular. Daquelas de uma frasezinha só. Tipo: "Fulana, querida, vamos almoçar hoje?" Se a pessoa que te mandou essa mensagem for, por exemplo, o seu irmão, tudo bem. Dá até pra entender, dependendo da personalidade dele, que ele está de bom humor - não é todo irmão que chama uma irmã de querida. Se for aquele amigãããão que é quase "a sua amiga", também pode não querer dizer nada. Mas e se for aquele colega seu de turma com quem você não tem tanta intimidade assim? Dá pra entender que ele está sendo gentil, ou que está de muito bom humor, ou que está dando mole... Ou mais um monte de coisa que pode não ter nada a ver com nada disso.


Agora pensemos em coisas mais profundas um pouco - como uma carta, uma letra de música, um poema ou uma postagem num blog. É praticamente impossível não perceber alguma coisa além da mensagem que o texto passa por si só. Num poema, por exemplo, é possível ver vários e infinitos sentimentos, emoções, opiniões e sensações da pessoa que escreveu - a partir, também, dos sentimentos, emoções, opiniões e sensações que essa pessoa te causou quando você leu. A indiferença, o ódio, o amor, a raiva, o gosto, o desejo, tudo isso sai da sua mão para o texto enquanto você move o lápis ou aperta umas teclas e vai do texto para a pessoa que o lê. De repente, tudo aquilo que podia ter sido secreto passa a ser perfeitamente visível. E, às vezes, tentar esconder alguma coisa enquanto se escreve é mais ou menos como tentar esconder um elefante atrás duma moita de alface.


Escreveu, não leu... Alguém te leu.