terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Viagem



Asfalto até onde a vista alcança. Àdiante e para trás, se olhar pelo retrovisor. Se a vista for mais longe e a estrada entortar, eu sei que são só curvas. Vou contorná-las e continuar seguindo o rumo como há de ser sempre. O motor é relativamente potente e deve me permitir chegar aonde pretendo - ou devo - chegar e há combustível o bastante pra isso. Sigamos...

120km/h, quinta marcha. É rápido, de certa forma. Será que rápido o bastante? Será que rápido demais? E esse caminho todo que venho percorrendo? São muitas horas de viagem acumuladas até agora, muitos quilômetros percorridos. Vim pelo caminho certo? Imagino que esteja indo na direção certa, mas não tenho mapa em mãos. Onde eu poderia ter arranjado - ou posso arranjar - um? Se ainda fizesse idéia disso...

Um carro adiante... Vou me aproximando dele devagar. Reduzo pra acompanhar o ritmo dele. Depois da curva eu passo, se tiver reta. Ótimo. Quarta marcha. Ponho do lado e piso fundo. 100km/h, 110km/h, quinta marcha, 120km/h... Pronto. Ficou pra trás. Logo, logo aqueles faróis devem sumir do retrovisor.

E toda essa paisagem em volta? Montanhas enormes, muito verde... Será que está frio lá fora? Não sei se quero abrir as janelas pra descobrir; cá dentro está confortável. Acelerar mais? Diminuir? Perguntar o caminho?

Sigamos...

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Se olharmos os nossos retrovisores, talvez vejamos uma estrada tortuosa atrás de nós. Talvez, também, nada impede, vejamos uma estrada reta e lisa. E o que está por vir? Qual caminho tomar? Para onde ir? O curioso é que nessa estrada que a gente inventou de chamar de "vida" o nosso carro não pára. Não diminui nem acelera. É sempre um ritmo constante e relativamente rápido. Não há muito tempo para escolher que caminho seguir e, na maioria das vezes, não há um "sub-caminho" de volta para uma estrada onde já estivemos.

Sigamos...

4 comentários:

Anônimo disse...

1º comentário...Uhuuuuuuuuuuuu!!!

Até os bocós se cansam de serem bocós... Hehehehehehehehehe...
By Tendinietzsche:

"Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás passar, para atravessar o rio da vida - ninguém, exceto tu, só tu.
Existem, por certo, atalhos sem números, e pontes, e semideuses que se oferecerão para levar-te além do rio; mas isso te custaria a tua própria pessoa; tu te hipotecarias e te perderias.
Existe no mundo um único caminho por onde só tu podes passar.
Onde leva? Não perguntes, segue-o!"

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João Foti disse...

Seu blog é demais, André. Você tem muita criatividade e sabe lidar com as palavras. De fato uma viagem por uma estrada serve de metáfora para a vida. Gostei de texto meu velho! ABRAÇO!

Anônimo disse...

no original:

“I see my path, but I don't know where it leads. Not knowing where I'm going is what inspires me to travel it.”

(Rosalia de Castro)

Anônimo disse...

Adorei a metáfora!! É bem assim mesmo. Mas acho que a velocidade com que o carro anda às vezes parece mais rápida sim. De vez em quando parece que a gente chegou a uma ladeira e ele vai, e vai... e daí só diminui a velocidade quando chega no fim. Mas isso pode ser uma looonga conversa! Hihi

Beeeeeeeeijo!
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