quarta-feira, 6 de abril de 2011

Palavras de um Ex


Ai, você...


Você era uma loucura alguns anos atrás. Eu te desejava como todos na minha idade te desejavam. Eu te desejava com amor, com paixão, de corpo e alma, quase alucinadamente. Todos os dias pensava em você. Você era o meu sonho de consumo, meu desejo, minha motivação, minha inspiração, minha musa.


E um dia eu consegui te alcançar! Como foi lindo!


Os primeiros dois anos foram realmente como uma paixão louca. Eu acordava pensando em você, dormia pensando em você e sonhava com você quase todas as noites. E mesmo de dia eu era bem capaz de sonhar acordado com você. Passava os meus dias inteiros no teu seio e adorava isso. Parecia que nada mais era necessário. Eu e você tínhamos uma relação louca, insana, quase doentia.


E aí a nossa relação ficou doentia de verdade...


Eu não queria mais passar o dia inteiro com você, mas você não me dava escolha. Queria ir embora, mas você não deixava. E, quando ia, você me fazia pensar em você o tempo inteiro. Que inferno! Passou-se mais um ano, e mais um, e mais outro... Todos pensavam que, ao final de cinco anos, eu seria capaz de me livrar de você. Mas eu não fui. Eu sabia que precisava de mais algum tempo. O que eu não sabia é que eu precisaria de tanto tempo a mais.


Os dias, então começaram a passar como horas. As horas, como minutos. Os minutos, como segundos. E cada segundo era uma eternidade. Eu não conseguia mais ver a hora de me livrar de você. Você já não era mais o meu desejo, a minha motivação, a minha inspiração; era agora a minha doença, a minha praga, a minha maldição. E quanto mais eu fizesse para me livrar de você, mais você parecia grudar em mim e tomar conta da minha vida. Minha rotina funcionava em seu favor. Meu trabalho vinha em segundo plano, porque você assim queria. Até amizades minhas mudaram por sua causa.


Mas hoje, depois de sete anos, eu finalmente me libertei!


Daqui a pouco - pensei em dizer anos, mas já posso dizer segundos ou décimos de segundo, se eu quiser - , eu vou olhar para você e dizer "Até mais". Ou "Até nunca mais". Você já tomou mais de um quarto da minha vida, e agora eu quero dar espaço para outras coisas, que agoro julgo mais importantes que você. Ah, esqueci! Era você que se julgava mais importante que tudo! A minha rotina, o meu trabalho, tudo era por sua causa. Mas agora, minha querida, não é mais. Nada disso. Nada meu tem a ver com você. Carrego duas marcas suas, é verdade. No entanto, para mim são duas provas de que eu sobrevivi a você, são dois troféus, duas medalhas que vou pendurar no pescoço, por baixo da camisa, e mostrar para quem quiser ver.


Adeus, querida. Quem sabe não nos vemos de novo? Mas não como antes, não numa relação doentia, de uma necessidade psíquica desmedida e incontrolável. Adeus, meu bem. E apesar de tudo, obrigado por tudo.


Adeus, UnB!