segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Sobre a saudade...

Uma palavrinha até pequena. Uma paroxítona de três sílabas, sete letras e um impacto gigantesco no pobre ser que se atreve a sentir essa coisa maluca que a gente chama de saudade.

E essa aí acontece como? A resposta é: quem sabe?

Num dia desses, aproveitando que as aulas acabaram e tudo mais, você abre o seu armário pra limpar uma bagunça que você fez durante o ano. Sabe aquela bagunça que você arruma uma vez por ano e não muito mais do que isso? Pois é... E lá você acha uma porcariada enorme que nunca mais você vai usar. E no meio dessa porcariada enorme - que não envolve só o material didático, paradidático e problemático do ano que passou - tem coisas do tipo bilhetinhos que você trocou com um amigo na sala de aula, uma cartinha que você recebeu de um admirador secreto, uma foto que você tirou com um pessoal da sua turma... Essas coisas que você vê e acha que não vão fazer falta - mas isso vale para pessoas normais; cancerianos que, como eu, têm surtos de nostalgia, costumam guardar coisas que, muito provavelmente, não vão servir pra nada.

E aí você joga fora.

Uns trezentos e sessenta e cinco dias depois você vai ver aquela porcariada de novo e vai arrumar de novo porque tem mais coisa pra jogar fora - e ressalto que não é só o material didático, paradidático e problemático do ano que passou. Aí você pára de arrumar as coisas e se pergunta: cadê aquela foto que eu tirei com o Fulano, a Sicrana e o Beltrano? Não tem jeito: você se dana a revirar aquele armário - mas não é pra arrumar a bagunça; agora é pra achar a foto. E você não acha. E agora?

E com pessoas? Aí, sim, é complicado DE VERDADE sentir saudade.

Num dia desses você estava vagando sem rumo naquela imensidão que é a sua casa - que, mesmo que seja um apartamentinho pequenininho, vira uma imensidão de vez em quando - e resolveu ligar pra alguém. Aí você pega a sua agendinha pra procurar o telefone - ou liga de vez, já que pode ter o número decorado - , tecla oito dígitos e começa com os "tuuuuuuuu!" do telefone fazendo barulho do outro lado da linha pra ver se a pessoa atende. Vamos parar por aí. Por que foi mesmo que você ligou? Estava com o quê?

Desde a semana passada que você não vê o seu namorado - ou a sua namorada - porque os dois estavam enterrados de mil coisas pra fazer até a altura do nariz. Daí você conseguiu se desafogar e arranjou um fim de tarde e uma noitinha pra passar com essa pessoa especial. Só que, antes de arranjar esse tempinho... Que foi mesmo que você sentiu? Como era a palavra? Paroxítona? Três sílabas? Sete letrinhas?

E quando você passa muito tempo - leia-se "tanto tempo que você mal consegue lembrar quando foi a última vez" - sem ver aquilo ou aquela pessoa de quem você está com saudade? Como é que fica? Aquela fotografia, aquele disco, aquele filme, aquele lugar fazia tão bem... Trazia tantas lembranças boas... E aquela pessoa? Fazia tão bem estar com ela, né? O cafuné daquela pessoa, aquelas conversas de horas, as piadinhas, as risadas... Tudo tão gostoso! E quando falta? E quando passa muito tempo - leia-se "aquela descrição enorme que eu dei ali em cima sobre 'muito tempo' e eu não quero repetir" - sem essa pessoa? Incomoda? Dói? Faz falta? Dá vontade de chorar de vez em quando?

Se a resposta for "sim" pra, pelo menos, uma das quatro últimas perguntas aí em cima, é bem capaz de você ter sido acometido por essa coisinha de sete letrinhas, três sílabas e blábláblá. E, se a resposta foi "sim" pras quatro perguntas...

Bem-vindo ao clube!

8 comentários:

Anônimo disse...

Ah!!!!!!!!!!!!!!!!
Eu faço parte do clube!!!
Principalmente qto à última pergunta!

Paulo Henrique Azevêdo Filho disse...

é... essa palavrinha que só nós falantes do tal do português conhecemos a fundo... seria isso um privilégio ou uma desgraça velada?

Anônimo disse...

Alguém já te falou que vc escreve muito bem? Suas palavras fluem e caem como uma luva nas vidas das pessoas.Muito, muito bonito o texto!

Anônimo disse...

O Chico Buarque não concorda com a Nathália aí de cima (hehe). Ele faz distinção entre "saudade" e "boas lembranças" - na última, você é capaz de lembrar do passado e aceitar que passou; na primeira... dói.

Mas como dor não é exclusividade de ninguém nesse mundinho, acho que é um clube bem grande. Olhe em volta com sinceridade e diga: qual é a emoção constante, e qual é a intermitente? Não precisava ser assim, talvez, mas na terra do "Eu primeiro!" ninguém se preocupa com ninguém mesmo (e aí ironicamente cada um perpetua a própria dor).

(Mas acho que agora já divaguei pra longe da intenção do seu post.)

Anônimo disse...

eita...
o.o
mas esse meu primo escreve bem demais! o.o
hehehe...
mas enfim... eu faço parte do clube sim!!! e QUE parte...
hehehe...

bjos!
=**

Anônimo disse...

uhum minha resposta é sim para as quatro e como boa canceriana o/ tbm tenho q fazer essas limpezas d fim d ano e acabo gurdando mais coisas q jogando fora neh rsrsr acabo tbm revendo as coisas guardadas e as q serão guardadas e bate aquela saudade a q dói, incomoda, da vontade d chorar, mega momento d nostalgia né rsrs
Respondendo pra Alice rsr eu já falei e continuo com minha opnião, quem dera eu escrever metade do q ele escreve!!
Dé engraçado justo hj q bateu mó saudadesona ti vejo seu texto rsrs
Bjaum nindooo!!!

disse...

hahaha
adorei também ;]

Luiza Callafange disse...

Saudade....Com certeza algo constante em pessoas como nós.
Falta da presença, falta da ausência de alguém...
Ah, como é bom "matar" isso!