sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Incerteza

Hoje eu chorei. Não que isso seja uma novidade na vida das pessoas ou na minha, mas eu chorei como eu não sei se as pessoas normalmente fazem quando passam por certas coisas.

Uma fase maldita na vida de uma pessoa é a tal de estudar pra concurso público. Tem gente que já sai da escola pensando nela e preparando-se pra ela desde cedo. Já entra numa faculdade de direito como uma forma de adiantar algumas matérias necessárias pra ser aprovado e tudo mais. Há outras pessoas, eu diria que menos sortudas, que acabam caindo na fase do concurso público por não ter outra opção.

Uma pessoa que escolhe cursos como medicina, direito ou arquitetura sai da faculdade com emprego na maioria das vezes - ou com uma boa perspectiva. Já sabe o que vai fazer da vida, já sabe que tem mercado pra ela e, normalmente, já sabe que tudo pode dar certo. O fato é que algumas pessoas escolhem profissões "erradas", ou seja, aquelas que, por algum motivo, não têm perspectiva boa de crescimento. Como é o caso do professor, que a gente bem sabe o que passa.

"Tudo bem. Passar num concurso não deve ser tão difícil assim." E a gente se anima, se programa pra estudar tantas horas por dia, tantas matérias e estar preparado pra aquela prova que pode resolver a nossa vida em definitivo - quer dizer, considerando que o serviço público dê mesmo a segurança e a estabilidade com as quais todo mundo sonha. E há dias em que a gente se sente ótimo. A gente sente que está aprendendo, que está cada dia melhor, que o ritmo de estudo está bom e que a aprovação está cada vez mais perto.

E há dias em que a gente não sabe se dá conta ou acha que não dá. De repente, tem uma pilha de livros abertos em cima da mesa, bem na frente dos seus olhos. Você sabe que está estudando várias horas por dia até porque ninguém diz que é pouco. E você estuda, e estuda e vê aquela pilha de livros na sua frente, um edital com um monte de matérias que você não sabe se vai dar conta de aprender a tempo e aí é que fica legal: bate aquele medo horrível de não passar, de não dar conta. E depois? E se não passar?

Mas por que eu chorei hoje? Parece bobo, mas eu vi o meu gato. Só isso. Um felinozinho bem deitado numa cama, enrolado num cobertor, dormindo igual a um anjo. E pense: "Que vida mansa. Ele tem uma casa onde morar, pessoas que o amame o alimentam... e pronto. Vai ter isso pro resto da vida." Soma-se isso ao medo de não passar num bom concurso público, causado por uma pilha de livros abertos e um dia em que a cabeça parece não funcionar direito e pronto: um humano que acha que gostaria de ter uma vida como a do seu bicho de estimação por pensar que deve ser muito mais tranquila.

É normal?

2 comentários:

disse...

Com certeza... Anormal é não ter medo e excesso de autoconfiança. Também tô nessa Dé, sei como é difícil e pesado o ritmo, mas persevere (:

Anônimo disse...

Legal esse texto. me identifiquei,pois estou passando pela mesma situação e sinceramente,estou quase optando pela vida que o gato leva,já que concurso não me atrai muito.